Esta sessão foi realizada no dia 30 de novembro, no
Auditório da Escola Tomaz Pelayo das . A referida ação enquadrou-se nas comemorações
dos 50 anos do 25 de Abril, onde o Escritor falou da sua experiência na Guerra Colonial,
navegando entre as recordações daquele que foi o trauma de uma geração. Foi o início
das atividades em auditório, entre outras a desenvolver pela Biblioteca ao
longo do ano.
No final o Escritor Afonso Bastos, brindou-nos com os
últimos poemas que fez sobre o 25 de Abril:
Que
Abril é este
Abril, quantos anos já lá vão
do tempo das papoilas e dos cravos…
do tempo em que esta esp’rança se fez
pão,
do tempo em que deixou de haver
escravos!
Abril já tão distante, ai quem nos
dera
agora, que esse sonho se esfumou,
tão longe que não fosse e outro
houvera
p’ra nos trazer o sol que lá brilhou!
Porém, Abril, agora esmoeceu,
murchavam cravos, voltaram desalentos
e o tempo da arrogância renasceu
trazido na ameaça doutros ventos!
Abril uma vontade por cumprir
dum povo cabisbaixo e outra vez
triste;
quem já perdeu o jeito de sorrir
também perdeu a paz que nele existe!
Abril, tantos sem pão, outra vez fome,
a alma a entardecer, o conde andeiro
a pátria está vazia e já sem nome
perdeu-se no capim do nevoeiro!
Que é feito do Abril que nos disseram
em calorosas juras de igualdade!...
da força que nos une o que fizeram
neste bramir de alvar de austeridade…
Fábricas fecham, corrupto e sombrio
alguém, zombando, da desgraça vive…
e onde está abril que foi um rio
e onde está a palavra que nos motive?
Porque os lobos da alcateia antiga
amantes do regime contra o povo,
clamam vingança sobre a nobre ideia
dos que fizeram de Abril um tempo
novo!
O Abril das vitórias e da festa
onde já vai, minado de trapaça?
que povo somos nós? que pátria é esta
onde há medo, outra vez, de haver
mordaça?
Traídos por outro Abril, tão algoz
mais que articular qualquer lamento,
é urgente fazer mais, que a nossa voz
ultrapasse as escadas de S. Bento!...