A poesia anda na Escola
O poeta do mês
LUANDINO VIEIRA
Escritor de
origem portuguesa, José Luandino Vieira,
pseudónimo literário de José Mateus Vieira da Graça, nasceu a 4 de maio de 1935, na Lagoa do
Furadouro, em Ourém. Tornou-se, porém, cidadão angolano, tendo participado
ativamente no movimento de libertação nacional e contribuído para o nascimento
da República Popular de Angola.
Aos três anos de idade viajou para Angola, juntamente com os seus pais, e
passou toda a infância e juventude em Luanda, onde fez o ensino secundário.
Exerceu diversas profissões até ser preso em 1959, sendo depois libertado.
Posteriormente, em 1961, foi de novo preso e condenado a 14 anos de prisão e
medidas de segurança. Transferido, em 1964, para o campo de concentração do
Tarrafal, onde passou oito anos, foi libertado em 1972, em regime de residência
vigiada em Lisboa. Iniciou então a publicação da sua obra, escrita, na grande
maioria, nas diversas prisões por onde passou.
Depois da independência angolana, foi nomeado para diversos cargos: organizou e
dirigiu a Televisão Popular de Angola de 1975 a 1978; dirigiu o Departamento de
Orientação Revolucionária do MPLA até 1979; organizou e dirigiu o Instituto
Angolano de Cinema de 1979 a 1984.
No domínio da literatura, foi um dos fundadores da União de Escritores
Angolanos, em 1975, sendo seu secretário-geral desde então até finais de 1980.
Foi também secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores
Afro-asiáticos, de 1979 a 1984, tornando-se depois secretário-geral da mesma
até dezembro de 1989.
Pertenceu à geração angolana da "Cultura" entre 1957 e 1963. A sua
escrita é original, usa o falar crioulo e subversivo da linguagem para dar um
retrato mais realista às suas personagens, enriquecendo-as e conferindo-lhes a
expressão viva e colorida das gentes o dos lugares pobres que retrata.
Do seu trabalho destacam-se as seguintes obras: A Cidade e a Infância
(1957); A Vida Verdadeira de Domingos Xavier (1961, traduzido para
várias línguas, constituindo também a base do filme Sambizanga,
realizado por Sarah Maldoror); Luuanda (1963, traduzido também para
várias línguas, recebeu o Prémio Literário angolano "Mota Veiga" em
1964 e o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores em
1965, o que causou violenta reação da parte do Estado Novo); Vidas Novas
(narrativas escritas em 1968 no Pavilhão Prisional da PIDE em Luanda, e
apresentadas ao concurso literário da Casa dos Estudantes do Império, em
Lisboa, tendo sido distinguidas com o Prémio "João Dias" por um júri
de que faziam parte, entre outros, Urbano Tavares Rodrigues, Orlando da Costa,
Lília da Fonseca, Noémia de Sousa e Carlos Ervedosa); Velhas Estórias
(1974), João Vêncio: Os Seus Amores (1979), Kapapa: Pássaros e Peixes
(1998), Nosso Musseque (2003) e Velhas Estórias (escrito em 1974,
e reeditado em 2006).
Em 2006, foi galardoado com o mais importante prémio português de literatura, o
Prémio Camões, que recusou por razões pessoais.
Luandino
Vieira. In Infopédia.
Porto: Porto Editora, 2003-2012.