15/05/2012

Poesia Visual | A construção vivida do fragmento | Alunos 8ºano


Poesia Visual.
   A construção vivida do fragmento
                Hoje um jovem estudante vê um filme, joga Metin 2 e comunica no Skype. A sua atenção e percepção é fragmentada, descentrada, descontínua, não hierarquizada e flutuante.
Para o trabalho realizado no âmbito da disciplina de Introdução à Pintura (oitavos A, B e C) e com a colaboração de Língua Portuguesa, era desde logo necessário contrariar a ideia de instantaneidade, requerendo metodologia projetual e um rigor de execução longo. Neste exercício criativo, em vez da habitual habilidade que consiste em fazer o rosto de Pessoa com um dos seus poemas numa perspectiva mimética, procurou-se uma outra direcção na construção dos trabalhos. Como material básico de formação e informação básico, foram propostos autores como Peter Blake, Tom Philips, Emerenciano e E. M de Melo e Castro, procurando solidificar o espaço difuso entre a escrita e a pintura. Devido á intensidade da cor e à criação de uma estética pop de iconografia universalista Peter Blake assumiu paternalmente um posição de relevo na factura dos trabalhos produzidos, sendo revisitado dentro de um contexto das estéticas revivalistas, fragmentárias e apropriativas pós- modernas. Aos alunos foi proposto um exercício de fragmentação de um conjunto de poemas que haviam sido pré seleccionados pela professora de Língua Portuguesa Agostinha Serra. O resultado deste processo de demolição e desagregação resulta na construção de objectos físicos onde se revelam sinais de presenças e ausências. Acumulam-se imagens de um universo popular e juvenil, (corações, arcos iris, logotipos, letras, cores primárias e secundárias com igual e uniforme destaque), assim como pedaços restantes de poemas. Esta ideia de não totalidade e de modelo fragmentário, dispersivo, descontinuado e híbrido materializa uma estética que Huysman diz ser a do fim natural das coisas. É também o modelo fragmentário o da viagem na net, da narrativa de Pulp Fiction das composições de John Zorn.  Repare-se que a Vénus de Milo tem na sua condição de existência o ser fragmento e pouco tempo enquanto obra  una. Os alunos podem não ter (pois não têm) consciência das implicações destas suas ações e actividades, no entanto são os actores dos papéis que lhes são destinados, e estes têm obviamente uma dimensão fragmentária.

Rui Coutinho

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