O poeta sueco Tomas Tranströmer é o Prémio Nobel da Literatura de 2011, acaba de ser anunciado em Estocolmo pela Academia Sueca.
TOMAS TRANSTRÖMER nasceu em Estocolmo, em 1931. É o poeta sueco mais traduzido em todo o mundo. «O meu pão diário é Quatro Quartetos de T. S. Eliot, que mastigo deliciosamente entre os dentes», afirmou um dia. Na sua poesia, plena de imagens que aludem ao mar e ao longínquo norte - imagens por vezes fantásticas, de inspiração post-surrealista - é perceptível o forte apelo que a natureza tradicionalmente exerce sobre a escrita dos poetas escandinavos. Tranströmer vive presentemente numa ilha, longe dos olhares do mundo e dos meios de comunicação social; anteriormente havia sido psicólogo, particularmente dedicado à readaptação de delinquentes juvenis. Em 1990 sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Continuou, porém, a escrever tendo publicado mais três obras.
POEMA SOBRE LISBOA
LISBOA
No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!
"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.
A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?
Tomas Tranströmer
tradução de Luís Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário